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festival do livro e da literatura

Intervenções tomam espaço público
de São Miguel durante Festival

Criativas intervenções em ruas, praças, ônibus, mercado, trem, escolas, calçadão, entre outros, chamaram a atenção de moradores de São Miguel Paulista, no Festival do Livro e da Literatura, de 7 a 9 de novembro. Um carro de som convidando para as atrações; universitários caracterizados como personagens célebres da literatura brasileira em praça com livros nas árvores; bibliotecários contando histórias em avenidas; uma carroça literária doando exemplares; e rádio de rua com entrevistas formaram o cardápio literário oferecido ao bairro.

Protagonizado por alunos de Letras da Universidade Cruzeiro do Sul, o Sarau Sobre Rodas percorreu ruas com leitura de trechos de livros nas paradas e distribuição de exemplares. Na praça Morumbizinho, povoada por livros nas árvores, painéis coloridos de oito grafiteiros e feiras de troca e de venda de livros, os universitários promoveram os Caminhos Lúdicos – Paradas Fabulares, em que se trajaram de personagens da literatura brasileira, como Brás Cubas, Macabéa e Iracema, encenaram trechos das obras e deram explicações sobre os autores a quem passava. “É magnífico porque as crianças aparecem aqui com muita ansiedade, deparam com personagens tomando vida na sua frente e ficam encantadas”, observa Fernando Sérgio Lopes, 43, aluno do quarto semestre do curso de Letras, que representou Machado de Assis dialogando com seus próprios personagens.



Um terceiro grupo de alunos de Letras da Universidade Cruzeiro do Sul se engajou na Estação +Médicos, dos Doutores da Literatura, que, na mesma praça, “medicaram” seus “pacientes” com pílulas literárias. Elas continham trechos de obras, de acordo com cada doença “diagnosticada”. Enquanto isso, ainda ali, duas alunas vestidas de cartomante, em alusão ao conto homônimo de Machado de Assis e à A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, se revezavam, “tirando” cartas de tarô com trechos de textos literários no verso de livros como A Divina Comédia, de Dante Alighieri, entre outros.

A pé, na carroça, ao pé do ouvido

Levando seus guarda-chuvas literários cheios de textos, os mediadores de leitura das bibliotecas da zona leste caminharam pelas vias centrais de São Miguel contando histórias aos transeuntes e convidando-os a participar da festa. Mais distante dali, um cortejo de doação de livros, comandado pelo Instituto Alana, contou com a Carroça Literária, que percorreu vias como a avenida Alípio de Barros no Jardim Helena.

Rádio de Rua, na praça N. Sra. da Aparecida, em União de Vila Nova, e Rádio Ao Vivo, na Morumbizinho, realizaram, respectivamente, entrevistas com professores e educadores e com o poeta Marcio Vidal Marinho, docente de língua portuguesa. “Foi muito bacana fazer parte da Rádio de Rua. Decidi usar o rap para trabalhar a sustentabilidade porque é uma linguagem que os alunos já utilizam no dia a dia”, explica a professora Maria Gersonita Nascimento, 55, da EMEF José Honório Rodrigues.

Declamação gratuita de poemas ficou a cargo da intervenção Polvos Poéticos, do Grupo Sensus, no Mercado Municipal, no Calçadão e na Morumbizinho. Inspirados na brincadeira do telefone sem fio, os integrantes usaram capacetes com tubos e sussurravam versos ao pé do ouvido dos interessados. Já as contações de histórias na praça animaram a criançada das escolas: uma delas foi do conto popular africano de Kiriku, relatado pela Cínica Cia., que mostrou que a verdade, o amor, a generosidade e a tolerância, aliados à inteligência, podem vencer a dor e as diferenças. Histórias e costumes da cultura afro estiveram presentes em Alamoju em Cântaros e Cantares, intervenção que uniu cortejo de grupo afoxé, contação de histórias e samba.