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programação cultural

Engajamento de população e parceiros marca Festival do Livro e da Literatura 2013

De 7 a 9 de novembro, mais de 20 pontos de São Miguel Paulista, na região leste de São Paulo (SP), receberam o Festival do Livro e da Literatura, que, pela quarta vez, encheu o bairro de cultura. Realizada pela Fundação Tide Setubal, a maior festa literária da zona leste atraiu cerca de 10.300 pessoas.

Destacaram-se em 2013 a adesão de mais de 50 instituições de ensino, ONGs e coletivos culturais; a doação de 4.900 livros; a venda de centenas de títulos com descontos, por dez editoras; e as conversas com os escritores Ignácio de Loyola Brandão, Fabrício Carpinejar, Paulo Lins, Ferréz e Leonardo Sakamoto, além da presença do comunicador social colombiano Jorge Melguizo, criador dos primeiros parques-bibliotecas da cidade de Medellín, e do secretário municipal de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira.

“É emocionante ver o movimento pelo livro e pela literatura que o Festival proporciona. A campanha de arrecadação pela cidade, a criação da programação com os diferentes parceiros e a presença dos moradores no espaço público revelam o sentimento de descoberta coletiva, de pertencimento e de celebração, transformando o Festival em uma festa com a identidade do território e a cada ano mais bonita”, afirma Maria Alice Setubal.

Paula Galeano, superintendente da Fundação Tide Setubal, acredita que a edição teve um sabor especial pelo aumento do envolvimento dos parceiros e da participação do público. “Sentimos que o Festival entrou definitivamente no calendário da região. Tivemos programação em diversos locais e atuação marcante de professores, educadores, alunos, bibliotecários, organizações locais, universidades e coletivos. Todos se uniram à Fundação como parceiros na programação e na execução, e não apenas como meros espectadores", analisa.

Para Paula, o êxito resulta de um trabalho em equipe que acontece durante todo o ano e conta com o apoio de parceiros estratégicos: a Universidade Cruzeiro do Sul, o Sesc e a Prefeitura. “O Festival apenas dá luz a toda essa riqueza de São Miguel. E foi realmente muito bacana ouvir do Ferréz e do Ignácio de Loyola que estava tão animado quanto a Flip. Isso é uma honra!”, avalia. “Ações como o Festival, que conectem a imaginação das pessoas ao espaço urbano, tornando-o acolhedor, criativo, solidário e humanizado, são muito importantes para que São Paulo garanta espaços de convivência harmônica e pacífica”, completa.



Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador do Núcleo Arteculturação da Fundação Tide Setubal e organizador do evento, salienta que o Festival é um processo coletivo, com o protagonismo dos atores locais. “Bons exemplos de resultado estão na adesão crescente e na boa qualidade dos trabalhos vistos nas escolas, bibliotecas, espaços culturais, ruas e praças.” Segundo ele, para a realização da festa, é imprescindível “a abertura ao diálogo construtivo e a novos arranjos socioculturais, balizados pela alteridade dos participantes e pelos direitos humanos, sobretudo o direito à literatura e à cidade, a qual é a matéria-prima dessa festa literária do povo”.

Entre os parceiros da edição 2013, além da Universidade Cruzeiro do Sul, do Sesc Itaquera e da Prefeitura, estiveram presentes Cenpec, CEU Três Pontes, EE Diogo de Faria, EE Shinquichi Agari, Itaú Cultural, Procedu, Nau Ciranda Sinparedes, CCA Parque Paulistano, Centro Social Marista Irmão Justino, EACH-USP Leste, EMEF Almirante Pedro de Frontin, EMEF Armando Cridey Righetti, EMEF José Honório, EMEI Graciliano Ramos, Instituto Alana, Oficinas Culturais Luiz Gonzaga, Sarau dos Mesquiteiros, Senac, Sistema Municipal de Bibliotecas e Tenda Literária.

Segundo o subprefeito de São Miguel Paulista, Aldo Antunes de Faria Sodré, a Fundação desenvolveu “um trabalho fantástico”, pois envolveu grupos artísticos de vários segmentos, troca de livros e debates, entre outros. “Eventos como esse trazem grandes benefícios ao bairro, na medida em que incentivam a leitura, a imaginação, a criatividade e, consequentemente, o prazer pelos livros, sobretudo para os jovens. O Festival trouxe vida e alegria aos pontos onde se fez presente, e São Miguel agradece sorrindo.”



Janice Valia de los Santos, pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade Cruzeiro do Sul, conta que, na edição 2013, a instituição ampliou o envolvimento de suas equipes docente e discente e de programas de extensão. “Além disso, redobramos os esforços para a campanha de doação de livros e atuamos no suporte logístico para que as ações ocorressem em espaço adequado”, relata. “Temos o compromisso de participar da construção e difusão do conhecimento e da cultura, então, apoiar e participar dessas iniciativas significa uma oportunidade de contribuir como agente social e membro da comunidade de São Miguel e região. A participação do público e os depoimentos de alunos, professores e funcionários confirmam o sucesso, e a universidade deseja a continuidade da parceria.”

Escolas municipais e estaduais de ensino fundamental e médio participaram da festa oferecendo atividades literárias protagonizadas por seus professores e alunos ou como público-alvo da vasta programação nas ruas, praças, clubes e bibliotecas.

O Sesc Itaquera colaborou mais uma vez por meio de contações de história, apresentações teatrais, intervenções artísticas, contratação da banda Nhocuné Soul, que encerrou a festa no sábado, e locação de equipamentos. “É essencial que a instituição participe, porque esse é um dos maiores e mais importantes eventos da capital e até do estado de São Paulo. Neste ano, o objetivo foi ampliar o leque do que já vinha sendo feito, para abrilhantar o Festival com outras intervenções”, avalia Sergio Lopes Servollo, animador cultural do Sesc Itaquera.

A Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas (CSMB) destinou novamente o Ônibus Biblioteca, que leva livros, jornais, revistas, gibis e programação cultural às comunidades mais afastadas do centro. De acordo com Doroty Rojas, assistente de Gestão de Políticas Públicas da CSMB, o ônibus recebeu mais de 2 mil pessoas durante o Festival. “Estamos juntos desde o início, para estreitar a relação entre a literatura e as pessoas. Fixar no calendário da cidade um evento desse porte deve servir de exemplo para as demais regiões.” Para o coordenador do projeto, João Batista de Assis Neto, “a equipe se sentiu em casa, em um espaço onde as pessoas que já eram literárias ficaram ainda mais, e as que ainda não eram certamente foram tocadas”.

A população de São Miguel Paulista também teve acesso à compra, com até 50% de desconto, de exemplares variados de nove editoras e de um livreiro, em uma grande tenda na praça Morumbizinho. Estiveram presentes: Biqueira Literária, Expressão Popular, Manole, Martin Claret, Publifolha, Quilombhoje, Rettar, WMF Martins Fontes, Companhia das Letras e o livreiro Gilberto. Cerca de 2.500 livros foram vendidos e 4.900, doados e distribuídos como frutos literários.



Fotos: Vanderson Atalaia e Gastão Guedes