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festival do livro e da literatura

Artistas de coletivos enriquecem
programação cultural da festa literária

Coletivos culturais de diferentes tribos, idades, propostas, missões e abordagens aderiram à maior festa literária da região leste, que transcendeu ao simples incentivo à leitura. Teatro, circo, poesia, música, fotografia, hip hop e outras manifestações marcaram São Miguel Paulista por três dias.

Um ponto alto foi a ocupação de artistas dos saraus da zona leste em ruas e praças: Tenda Literária, O Que Dizem os Umbigos, Sarau da Quebrada, Sarau na Cozinha, Sarau dos Mesquiteiros, Sarau Hospício Cultural, MAP (Movimento Arte na Praça), Literatura Nossa e Batalha da Leste soltaram o verbo e abriram espaço para a interação das pessoas. No calor das intervenções, o Grupo do Mestre Raimundo, que passava em frente ao Mercadão, participou espontaneamente jogando capoeira, enquanto transeuntes escolhiam e levavam livros de graça. Já o improviso vocal dos meninos da Batalha da Leste e os casais dançando foram surpresas no show da Nhocuné Soul, da Vila Nhocuné, que fechou o festival com repertório animado.



Vandei Oliveira, organizador do Tenda Literária, que visa transformar praças públicas em espaços culturais, explica que o grupo tem feito saraus itinerantes em praças de São Paulo a fim de ocupar esse espaço público urbano de forma coletiva e democrática. “Para o Festival, organizamos um total de oito saraus promovidos por diferentes coletivos, bem em frente ao Mercadão e à praça Morumbizinho, onde passa muita gente”, relata.

Os Poetas Ambulantes intervieram no bairro com poesia falada e escrita para passageiros dos ônibus e dos trens. Thiago Peixoto, 27, um dos integrantes do coletivo, achou a visita à zona leste muito gratificante e relatou situações inusitadas: “Um homem criou uma poesia durante a nossa apresentação e pediu que a gente fizesse a leitura, porque ele estava envergonhado. Outros se juntaram a nós e nos seguiram pelo trajeto”.

A performer Luciana Calabro, da intervenção dos Polvos Poéticos, do Grupo Sensus, na qual atores usam capacetes e tubos pelos quais declamam textos, explica que o movimento surgiu da simples ideia de levar poesia para a rua. “As pessoas que moram em São Paulo vivem correndo, estressadas, e ninguém para mais pra nada. Esse momento é uma pausa para levar arte para elas”, afirma.

Teatro e circo

O espetáculo (Des)água, do coletivo Aliança Libertária Meio Ambiente (Alma Ambiental), abordou a necessidade de cuidado com o ambiente, enquanto o Nozland, do grupo teatral DioTespissio, tocou em conflitos juvenis, como o autoritarismo dos pais, e os Fantasmas & Demônios de São Miguel, da A.D. Teatro & Pesquisa, focou em memórias, fatos e personagens desse bairro. E alunos do grupo de teatro do Núcleo ArteCulturAção, da Fundação, apresentaram a peça de suspense O Mordomo.

Lançando mão da magia do circo, o grupo de teatro Palombar mostrou Uma Arriscada Trama de Picadeiro e Asfalto, repleta de acrobacias e malabarismos. As Cápsulas Urbanas, uma intervenção urbana literovi­sual do coletivo Caixa Preta, com entrega de fotografias e textos em lambe-lambe dias antes do Festival, permitiu ao público ver esse diálogo poético durante a festa, em diferentes locais de São Miguel.