Lançado em agosto de 2013 como política municipal em São Paulo, o Mais Educação, programa federal, tem como meta oferecer educação integral aos alunos da rede pública. Muito além da ampliação da jornada escolar, a educação integral visa oferecer novas oportunidades educativas que, por meio de diferentes linguagens, sejam capazes de estimular o desejo de aprender em crianças, adolescentes e jovens. Alinhada à nova política, a Fundação Tide Setubal, em parceria com a Diretoria Regional de São Miguel, realizou a formação Experiências de Educação Integral.
A formação foi dirigida às 33 escolas de São Miguel Paulista e reuniu cerca de 70 gestores, como diretores, assistentes de diretoria, supervisores, coordenadores pedagógicos e funcionários da DRE.
O formato escolhido permitiu mostrar quais propostas em educação integral existem hoje no país e suas vantagens e desvantagens, além de estimular a reflexão e o debate entre gestores e especialistas. No primeiro dia, Lúcia Velloso Maurício, professora e pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e estudiosa da educação em tempo integral, e Maria Helena Negreiros, educadora e diretora de Controle Orçamentário e Administração do Quadro do Magistério da Secretaria Municipal de Educação de São Bernardo do Campo, em São Paulo (SP), apresentaram diferentes experiências com seus desafios e possibilidades.
Lucia abordou o tema e casos bem-sucedidos no Ceará. “A educação integral no Brasil deve ser obrigatória e em tempo integral: na pós-aula, o aluno também tem de continuar aprendendo. Quando isso for finalmente colocado em prática, obteremos mais sucesso escolar”, ressaltou. Maria Helena contou sobre desafios e avanços no município do ABCD paulista na implantação da educação integral e apresentou resultados. “Aderimos ao Mais Educação, mas criamos um desenho local: temos oito organizações sociais da comunidade conveniadas com a prefeitura que recebem recursos para contratar educadores. Essa junção foi um jeito interessante de o programa funcionar e promover a formação humana das crianças. E uma forma de nos ajudar a superar cada dificuldade no processo é celebrarmos qualquer conquista obtida, por menor que ela seja.”
No segundo encontro, os gestores visitaram São Bernardo do Campo para conhecer escolas do Projeto Tempo de Escola, de educação integral, e conversar com as equipes, como a do CEU Celso Augusto Daniel e a das ONGs executoras. O último dia, seguindo os objetivos da consultora Beatriz Lomonaco e da técnica de projetos de educação integral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Letícia Araújo Moreira da Silva, foi reservado à apresentação, por ambas, de experiências nas redes públicas municipais e estaduais brasileiras no assunto, suas dificuldades e as soluções encontradas pelos gestores de cada localidade. Os participantes podiam tirar dúvidas e debater com as pesquisadoras.
No final do curso, 31 participantes responderam ao questionário de avaliação, sendo que 16 deles estão em escolas que aderiram ao Mais Educação e 13 dão aula em escolas ainda não inscritas.
A avaliação buscou, também, identificar a opinião dos participantes sobre a adesão à educação integral. Do total de participantes, 26 concordam que a educação integral traz benefícios para o aluno/escola e comunidade. Entre os benefícios, foram destacados: ampliação de diferentes aquisições de conhecimentos dos discentes; possibilidade de outros aprendizados além da sala de aula; protagonismo por meio do desenvolvimento de projetos; e possibilidade de tornar a dimensão diferenciada e a relação com a aula regular mais produtiva, entre outros (veja quadro). Nas observações para o desenvolvimento de atividades estão: a importância da participação de todas as instâncias; a necessidade de diálogo e discussões para a boa implementação; e a importância dos recursos e da infraestrutura para realizar os projetos.