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Estudo de textos dramáticos e técnicas teatrais marcam o ano das oficinas de teatro do Arteculturação

“O que é desigualdade social e como ela se manifesta em mim?” Essa pergunta foi o ponto de partida para a oficina de teatro para iniciantes do Núcleo Arteculturação, que reuniu, em 2013, cerca de 40 jovens. Foram duas produções teatrais, uma por semestre, fruto de intensa pesquisa, leitura de textos dramáticos, prática de exercícios teatrais e uma itinerância teatral, todos conduzidos pelo educador Marcos Gomes.

Rodas de conversa são o instrumento para que o grupo comece a pensar no espetáculo, que foi escrito e montado pelo grupo no final do curso. No primeiro semestre, os jovens escreveram relatos de suas próprias experiências acerca do preconceito e da desigualdade social. Por meio deles, construíram pequenas cenas para a produção do espetáculo Luzes Desiguais, que realizou quatro apresentações no CDC Tide Setubal, em meados de julho, para um público de cerca de 60 pessoas por sessão.

Para se familiarizarem com a escrita dramática e munirem-se de instrumentos para a produção do texto, os jovens fizeram a leitura de peças clássicas como A Exceção e a Regra, de Bertold Brecht; O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna; e Romeu e Julieta, de William Shakespeare. A leitura das peças também serviu de subsídio para que os participantes fossem introduzidos a algumas técnicas de interpretação. Trabalhando os textos em exercícios cênicos, os jovens praticaram técnicas como a triangulação, o distanciamento, a quebra da quarta parede e o método Stanislavski.



Já no segundo semestre, a temática norteadora foram histórias de suspense e terror. Em uma das conversas do grupo, o aluno Vitor Dinis contou uma experiência assustadora por ele vivida. A partir desse relato, o grupo teve a ideia de produzir uma peça de terror e suspense, quebrando o hábito que tinham de sempre trabalhar questões políticas e sociais.

A partir da leitura de autores consagrados como Edgar Allan Poe e Stephen King e de filmes de cineastas como Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick, Roman Polanski e Zé do Caixão, além de histórias pessoais, de familiares, de amigos e lendas urbanas, os jovens produziram o espetáculo O Mordomo, apresentado no Festival do Livro e da Literatura de São Miguel e no CDC Tide Setubal, em quatro apresentações com média de público de 40 pessoas.

Para o crescimento cênico do espetáculo, os jovens também estudaram textos dramáticos como Vigília, de Cássio Pires; O Mata Burro, de Fábio Brandi Torres; e Com os Bolsos Cheios de Pães, de Matéi Visniec, o que aproximou o grupo da produção teatral contemporânea, em especial a nacional. Esses textos também foram trabalhados de modo a acrescentar técnicas de interpretação típicas do teatro contemporâneo ao repertório dos jovens atores, como o depoimento em cena, a fragmentação do personagem e o teatro político. O grupo também experimentou a técnica do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal. Em participação no encontro Rede Jovem Comunica, que, entre outros temas, discutiu as jornadas de junho, os jovens da turma do segundo semestre desenvolveram uma cena intitulada Vem pra Rua, que apresentou o tema do vandalismo. Como é praxe no Teatro do Oprimido, o público foi convidado para participar e criar um novo final para a cena em questão.

A formação teatral incluiu, também, a circulação e apropriação da cidade e o núcleo de teatro visitou outros grupos de teatro de São Paulo e assistiram a Fantasmas e Demônios de São Miguel Paulista, de Claudemir Santos, na Casa Amarela; Vigília, de Cássio Pires, na Oficina Cultural Oswald de Andrade; e Cabeça de Papelão, de Ana Roxo, na sede da Companhia de Teatro de Revista, na praça Roosevelt. Na multiplicação dessa experiência de composição teatral, o espetáculo NozLand, produzido pelo Grupo de Teatro Diostespício – formado por ex-participantes das oficinas de teatro do Arteculturação, foi aprovado pelo programa VAI, da Secretaria Municipal de Cultura, com o apoio da Fundação Tide Setubal e do educador Marcos Gomes. O espetáculo circulou por ruas, praças, escolas e espaços culturais de São Miguel em apresentações gratuitas.

Fotos: Gastão Guedes