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Jovens do Programa Rede recebem cartas da Amazônia

Desde abril de 2013, cerca de 20 adolescentes de 11 a 13 anos que frequentam as atividades do Galpão de Cultura e Cidadania participam do Programa Rede, uma iniciativa do Projeto Vaga-Lume que propõe um intercâmbio cultural com o tema Nós e Nosso Meio Ambiente entre jovens de escolas e ONGs de São Paulo e de comunidades da Amazônia Legal. A ideia é que eles se correspondam por cartas e, assim, conheçam mais da complexidade da realidade brasileira, suas diversas culturas e relações com o meio ambiente.

O Projeto Vaga-lume é uma iniciativa de três amigas que, em uma viagem à Amazônia, se deram conta do alto nível de analfabetismo na região. Elas iniciaram uma expedição pelas comunidades, para onde levavam livros, incentivando a leitura.

No dia 8 de junho, as diferentes organizações participantes do Programa Rede se encontraram para formar um comitê no qual os jovens e os educadores trocaram experiênciais e expectativas com relação ao programa. Catorze jovens da Fundação Tide Setubal participaram do evento e receberam um baú com as tão esperadas cartas da Amazônia. Eles fizeram uma apresentação de dança para os outros jovens e também assistiram a performances de frevo, samba e forró de outras organizações, além de terem participado de atividades de integração.



Eles vinham discutindo o tema Nós e Nosso Meio Ambiente, e, por isso, os jovens de São Paulo contaram um pouco de sua vida e seu dia a dia com base no lugar em que vivem. “Eu contei na minha carta como são as coisas aqui, contei que a gente anda de carro, que a gente gosta de brincar na rua”, diz Argeu Paixão, 11 anos, integrante do Programa Rede.

O baú com as cartas, entregue no sábado, só foi aberto na segunda. Então, foram quase três dias de expectativa por parte dos jovens, que estavam ansiosos para ler as cartas. Eles tinham em mente uma série de ideias sobre o que poderiam encontrar nas cartas no baú. “Havia uma ilusão de que eram crianças tristes, de que não brincavam”, conta Antonia Marlucia. Mas não foi bem isso que eles encontraram quando o baú foi aberto.

“Eu pensava que lá eles tinham muitas dificuldade com a leitura e coisas assim, mas, quando eu li as cartas, vi que eles são até mais criativos que a gente”, diz Argeu. Em cartas coloridas e cheias de desenhos, as crianças da Amazônia Legal contaram um pouco de seu dia a dia e estilo de vida. “Eu descobri que lá as casas são de palafita, são casas altas para não alagar, porque elas são em cima do rio”, conta Argeu depois de ter lido as cartas. Palavras como palafita, brincar de paturi e catraieros, desconhecidas das crianças, viraram tema de discussão. “Ficou como tarefa para os jovens descobrir o que eram as palavras que eles não sabiam o que significavam”, diz Antonia.

A partir de agora, os jovens discutirão o tema do lixo em suas cidades e bairros, buscando soluções para a questão por meio de discussões por carta com os jovens da Amazônia. “Eles mandaram fotos dos rios em período de cheia e dava para ver vários peixes. Os jovens daqui, ao virem isso, comentaram que, em São Paulo, quando o rio sobe, só dá para ver lixo”, conta Malu, ao falar dos primeiros passos dessa nova discussão. Nessa fase, os jovens serão protagonistas do trabalho, são eles que irão propor as soluções para resolver a questão em suas cidades. “Eu pretendo contar para as crianças da Amazônia as propostas que criarmos sobre a questão do lixo”, conclui Argeu.